Grandes mudanças têm ocorrido no mercado de trabalho, a exemplo da construção civil, que há algumas décadas empregava exclusivamente homens e que se alterou muito. Atualmente apresenta um avanço das mulheres em postos de trabalho tanto nos escritórios como nos canteiros de obras. As mulheres vêm ganhando cada vez mais espaço nas funções técnicas e de produção.
As áreas de projetos, planejamento, engenharia, compras e qualidade são os setores que mais contratam mulheres. Nos escritórios, a construção civil emprega engenheiras, arquitetas, advogadas, economistas, administradoras, financeiras e gerentes.
Nas obras, as mulheres ocupam não apenas cargos como engenheiras, mas também como técnicas de segurança, azulejistas, pintoras e eletricistas. São profissionais valorizadas pelo olhar detalhista e humanizado, o cuidado com a segurança e a organização no ambiente de trabalho.
O relatório da Rais de 2021, mostra que, das 250 mil mulheres com trabalho formal na indústria da construção, cerca de 38 mil tinham cargos na conservação e manutenção de edifícios e de vias públicas, enquanto 103 mil realizavam serviços administrativos. Nesse período, aproximadamente 17 mil vinham na produção de bens e serviços industriais – desse número, a área de ajudantes de obras registrou a presença de 7.180 mulheres, com 1.148 trabalhadoras em estruturas de alvenaria, 632 responsáveis por instalações elétricas e 65 na produção de concreto usinado.
Os avanços e conquistas mostram evolução, porém o Brasil ainda precisa desconstruir preconceitos e combater assédios com uma maior inclusão feminina, capacitando as mulheres no ambiente da construção civil que é um setor que gera muito emprego. Segundo dados das entidades do setor, a participação crescente de mulheres tem melhorado a produtividade das empresas, a criatividade e a segurança nos canteiros de obras. Elas trazem perspectivas diferenciadas, habilidades e abordagens inovadoras a um ambiente de trabalho predominantemente masculino.
O SindusCon-SP e o Seconci-SP (Serviço Social da Construção), entidades onde 75% dos funcionários são do sexo feminino, realizam nas obras campanhas de prevenção ao assédio e à violência contra mulheres. As entidades também mantêm programas como Elevação da Escolaridade e Encontro Estadual da Construção Civil em Família, incentivando a formação profissional, a valorização e o respeito às mulheres. Apoiam ainda cursos de capacitação para trabalho feminino nos canteiros e na assistência técnica pós-obra.
Neste mês em que comemoramos o Dia Internacional da Mulher, é preciso amparar as iniciativas que valorizem o trabalho feminino como um motor de mudanças, que seja um catalisador para uma construção mais equitativa e inclusiva, com as mulheres ajudando a suprir a demanda por mão de obra qualificada em um setor desafiado por escassez de profissionais. É a grande oportunidade para promover a valiosa inserção dessas profissionais que farão a diferença no futuro da construção civil do Brasil.
Rafael Coelho
Diretor Regional do SindusCon-SP e da Citz Desenvolvimento Imobiliário
rafael.coelho@citz.co