A conquista do imóvel próprio é um sonho para grande parte da população brasileira tornando-se um forte objetivo de vida para muitos e para outros, uma opção segura de investimento. Uma camada muito grande da população que tem o imóvel como única moradia, deixa de pagar o aluguel, uma despesa sem retorno, e troca por uma parcela de investimento, porque o bem imóvel tende sempre a se valorizar e ainda pode ser o “trampolim” para o segundo imóvel.
O setor imobiliário está em ascensão, mesmo em uma situação atípica de pandemia. Apesar da alta dos juros básicos por conta da inflação, ainda é um bom momento porque as taxas, em torno de 9% ao ano, ainda estão abaixo da média histórica.
De acordo com a Fundação João Pinheiro, ano base de 2019, o déficit habitacional no Brasil está em 5,8 milhões de moradias. O mercado imobiliário, portanto, tem ainda muito a crescer e a nossa indústria da construção levaria muitos anos para suprir este déficit mesmo se trabalhasse no pico de sua capacidade produtiva.
A expansão do crédito imobiliário é o caminho de oportunidades que se abre para este segmento nos próximos anos e ainda pode resolver um grave problema social do país.
A segurança e a robustez do crédito imobiliário foram construídas, principalmente a partir de 2004 com a lei 10.931, quando houve uma regulamentação na legislação brasileira que transformou o financiamento imobiliário em um negócio seguro para os agentes financeiros, para as incorporadoras e, em especial, para o comprador do imóvel. Foram criadas importantes ferramentas com o Patrimônio da Afetação com Regime Especial de Tributação, as LCIs, CCIs e CCBs que deram muito vigor ao segmento. Foi criada a Alienação Fiduciária para imóveis que possibilitou a rápida retomada de imóveis por inadimplência. Esta série de mecanismos trouxe segurança ao mercado que passou a crescer exponencialmente tendo como grandes fontes de recursos o FGTS e a Poupança através do SBPE e os números são robustos.
A Caixa Econômica Federal, maior agente financiador deste segmento, emprestou R$ 140,6 bilhões em contratos de financiamento imobiliário em 2021, alta de 21% sobre 2020. Para 2022, a previsão é de que esse número cresça mais.
Outra fonte, a Abecip espera que o financiamento imobiliário tenha crescimento significativo, neste ano, elevando-se para R$ 260 bilhões o volume de empréstimos, valor que registrará o recorde histórico do setor. Para se ter uma ideia do crescimento, em 2016 o crédito via SBPE foi de R$ 47 bilhões. No ano passado, chegou a R$ 205 bilhões. Lembrando que temos ainda os recursos do FGTS que se somam à disponibilidade para o crédito imobiliário que tem caixa para mais de R$ 100 bilhões.
Em um país como o nosso há um enorme espaço para o crescimento do crédito imobiliário. Os dados do Banco Central apontam que o Brasil teve uma variação expressiva de 2007 a 2015, saindo de 1,8% para 9,6% do PIB e tem se mantido nesta faixa. Como referência, nos EUA, o mesmo indicador se situa em 75% do PIB. Em outros países, como Canadá, Portugal e Espanha, o crédito/PIB gira na casa de 60%. Em outros países como a África do Sul e Chile, o crédito ultrapassa 22% do PIB.
Há espaço e fôlego para expansão do crédito imobiliário no Brasil que amplia negócios em toda a cadeia produtiva da construção civil, além de irrigar a economia gerando mais empregos, aumentando riquezas e diminuindo o grave problema da falta de moradia.
Quanto mais abundancia tivermos, mais agentes financeiros vão querer disputar esse rico mercado e a concorrência pelo crédito imobiliário farto certamente irá reduzir os juros e beneficiar toda sociedade brasileira.
Rafael Coelho
Diretor Regional do SindusCon-SP
Rafael.coelho@ctiz.co