Inflação dos materiais de construção eleva o valor de venda dos imóveis

A alta recorde nos preços dos materiais de construção, energia e combustíveis traz enorme preocupação à um dos segmentos mais fortes e importantes da economia brasileira: a construção civil. A inflação do setor e a escassez de produtos tem forte impacto nos negócios imobiliários. A incerteza é grande, seja nas grandes empresas de desenvolvimento imobiliário ou das empresas de médio e pequeno porte.

Os índices setoriais da construção Custo Unitário Básico (CUB) global e INCC – Índice Nacional da Construção Civil mostram que acumulou uma variação expressiva neste ano de +17,0% em 12 meses e de +13,0% em 2021. O dado é do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo) e da FGV (Fundação Getúlio Vargas). O CUB e o INCC são índices oficiais que refletem a variação dos custos da construção, e utilizado na atualização dos contratos de obras.

Altas pontuais são ainda maiores. Cimento e aço, insumos básicos da construção, por exemplo, já chegaram a registrar aumentos de mais de 100% recentemente.

A conta da inflação é cruel para todos, mas tem sido especialmente impiedosa para a construção civil de edificação e infraestruturas, afetando todo o mercado imobiliário. Entre o planejamento e o lançamento de um empreendimento e o início das obras há um intervalo de meses ou mesmo no período de construção, que pode durar um longo tempo. As incorporadoras comercializaram os imóveis em um momento onde as matérias primas custavam muito menos e na hora da execução da obra a inflação corroeu a margem de lucro. A conta não fecha. Nas obras de empreendimentos populares financiados pelo governo a situação é ainda pior já que os preços são congelados e não há margem para negociação, com um agravante que a renda do adquirente de baixa renda não consegue absorver as elevações de preços.

Com demanda aquecida do mercado imobiliário estimulado pelos juros baixos do período do ano de 2020 e 1º semestre de 2021,quando a taxa Selic chegou a 2% ao ano e os financiamentos imobiliários ficaram muito mais acessíveis, houve muita migração de investimentos para imóveis. As entidades representativas do segmento imobiliário e da construção civil revelam um panorama de dificuldades para as obras já contratadas e apontam como um dos caminhos a negociação entre as partes para manter o setor imobiliário sem rupturas, em um processo saudável, beneficiando a todos.

A construção paulista representa 27,6% da construção brasileira, que por sua vez equivale a 4% do PIB brasileiro. O segmento é um dos que mais empregam no país, mesmo durante a pandemia, chegando a representar em um determinado momento daquela crise, 15% dos empregos gerados no país.

Mais que um segmento de atividade econômica, a construção civil e as suas vertentes no mercado imobiliário são processos de transformação social e de desenvolvimento urbano. A vitalidade do segmento é essencial para a economia brasileira na geração de emprego em todas as camadas do estrato social, redistribuindo renda e para que se mantenha vivo e acessível o sonho da casa própria.

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